quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Lição (sinopse)

Uma aluna busca seu “doutoramento total” e procura um experiente professor de aulas particulares, que domina todos os assuntos. No processo de aprendizagem, em meio à geografia, matemáticas, filologia, filosofia... confrontam-se – a partir de diálogos absurdos – as relações de poder, a busca pelo conhecimento, a ignorância, as fantasias secretas, o medo, a presunção, a dor, o problema universal da falha na comunicação, a dissimulação, a caricatura do real e tudo o mais que faça parte da condição humana, expostos de forma cômica, algumas vezes, mas também dramática, e até trágica. Tudo isso sob a observação atenta e cúmplice e a interferência de uma governanta quase onisciente.
Nessa Lição é menos importante saber em que nível se situa a aula para o doutoramento total (educação básica, nível superior...) que compreender até onde pode chegar a explicação de uma simples lógica de subtração entre 4 e 3 “ou de 3 e 4, se prefere”!

O Teatro do Absurdo

Forma de dramaturgia que rompe com o teatro tradicional pois desafia as leis da lógica e se serve da desconstrução textual para demonstrar o absurdo do comportamento humano, deflagrando a relação das pessoas e seus atos concomitantes.
O Surrealismo foi fundamental para o nascimento do Teatro do Absurdo que buscava, na segunda metade do século XX, representar no palco a crise social que a humanidade vivia (leia-se também a II Guerra Mundial), apontando os paradigmas e os valores morais da sociedade como fatores principais da crise. A principal fonte de inspiração dos dramas absurdos era a burguesia ocidental, que, segundo os teóricos do Absurdo, se distanciava cada vez mais do mundo real, por causa de suas fantasias e ceticismo em relação às conseqüências desastrosas que causava ao resto da sociedade.
O Teatro do Absurdo propõe revelar as mazelas humanas e tudo que é considerado normal pela sociedade hipócrita. Essa vertente desvela o real como se fosse irreal, com forte ironia, intensificando bem as neuroses e loucuras de personagens que, genericamente, divulgam o homem como um psicótico, um sofredor, um ser que chega às últimas conseqüências, culminando sempre na revolução, no atrito, na crise e na desgraça total. O Absurdo critica a falta de criatividade do homem, que condiciona toda a sua vida àquilo que julga ser o mais fácil e menos perigoso, se negando a ousar, utilizando-se de desculpas para justificar uma vida medíocre.
Para Ionesco, o termo “Teatro do Absurdo” é uma definição imprópria: “Meu teatro trata da condição humana. É um teatro realista".

Luis de Lima (1925 - 2002)

Ator e diretor. Sua especialização em mímica confere a seu trabalho de ator uma elaborada linguagem gestual, que se projeta principalmente em textos de Eugène Ionesco, do qual é introdutor no Brasil.
Em nível técnico formou-se no Conservatório Nacional de Teatro de Lisboa. Em Paris, estudou no Conservatório Nacional de Arte Dramática e na Escola de Mímica Etienne Decroux.
Em 1956 fundou a Companhia Mímica Profissional no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro. Permaneceu no universo da mímica de pequenos quadros até 1957, quando encena Espetáculo Ionesco, reunindo A Lição e A Cantora Careca, que Luís de Lima traduz, adapta, interpreta e dirige.
Luís de Lima atuou, dirigiu e adaptou obras no Brasil, em Portugal e no Canadá. Também teve atuação representativa no movimento político da classe teatral, dirigindo o Sindicato dos Artistas e Técnicos, Sated, entre 1980 e 1985. Faleceu no Rio de Janeiro em 2002.

Eugène Ionesco (1909-1994)

Considerado um dos grandes dramaturgos do Teatro do Absurdo, e até o criador do mesmo, Ionesco nasceu em Slatina, (Romênia) em 26 de novembro de 1909, filho de pai romeno e mãe francesa. Algumas fontes indicam seu nascimento no ano de 1912. Isso se deve ao fato de, no começo dos anos 50, ele ter diminuído sua idade em três anos, após ler um comentário do crítico Jacques Lemarchand que enaltecia o advento de uma nova geração de jovens autores, entre eles Ionesco e Beckett.
Ionesco estudou literatura francesa na Universidade de Bucareste de 1928 a 1933. Em 1936 casou-se com Rodica Burileanu, com quem teve uma filha, para a qual escrevia histórias infantis diferentes das tradicionais. Em 1938, estabeleceu-se em Paris quando recebeu uma verba do governo para estudar na França e escrever uma tese sobre "pecado e morte na poesia francesa desde Baudelaire". Além de escritor, trabalhou com revisor para editoras.
O dramaturgo escreveu mais de duas dezenas de peças, como “A Cantora Careca”, “As Cadeiras”, “Macbett” (uma sátira ao “MacBeth”, de Shakespeare) e “Rhinocerós” – clássicos do Teatro do Absurdo.
De acordo com estudiosos, suas peças são uma crítica exacerbada às forças sociais, políticas, religiosas e burocráticas que tendem a destruir a nobreza e a individualidade do homem.
Considerado simultaneamente um dos autores romenos mais aclamados e um dos maiores dramaturgos franceses do século XX, Ionesco morreu aos 84 anos, em 29 de março de 1994, em Paris, onde está enterrado no Cemitério de Montparnasse.